A água é o petróleo do século XXI e o desafio da governança global

“A água é o petróleo do século XXI.” ANDEW LIVERIS, em 2008, presidente da americana DOW.

Lembro: A água que a esquerda toma é a mesma que a direita bebe.

Nenhum país do mundo poderá ser chamado de nação se não prover o seu povo de água, de alimento e de educação. Hoje, a falta de água no mundo está criando um mercado bilionário que tem atraído grandes empresas como GE, SIEMENS e DOW.

Vamos abordar essa matéria tanto do ponto de vista do interesse da população quanto como dever do estado.

Em diversas regiões do planeta, a escassez de água está se tornando uma das maiores preocupações de ambientalistas como também de políticos, empresários, banqueiros e executivos.

A seca (entenda-se como falta de água) é fenômeno recorrente em diversos países, sendo o Brasil o mais perfeito exemplo disso, embora tenha ele o maior volume de água doce da Terra e seja ainda banhado pelo segundo maior oceano do planeta – o ATLÂNTICO.

Em relação à escassez de água, alguns países já tomaram muitas providências, dentre eles:  Espanha, região de Barcelona; Austrália, em alguns estados americanos; China; Argélia; Israel; Oriente médio.
A água será a maior commodity dos próximos séculos, inclusive deste atual.

Hoje, mais de 20% da população mundial – cerca de um bilhão e meio de pessoas–, maior que a população da China e a do Brasil juntas, não têm acesso à água potável. Calcula-se que, em 2025, cerca de 33% da população mundial não terão água para beber ou para irrigar seus territórios e, assim, a escassez desse elemento vem valorizando cada vez mais esse recurso.

Só em 2007, foram investidos, nas áreas de serviços de fornecimento de água e de tratamento de esgoto, US$ 325 bilhões de dólares. Em 2018, com a aquisição de água engarrafada foram gastos quase US$ 140 bilhões de dólares e, em 2019, os serviços e os equipamentos relacionados à água devem atingir um valor global de US$ 590 bilhões de dólares. Assim, há economistas que acreditam que a água, considerada um direito do homem, tornar-se-á uma commodity, uma mercadoria de elevado valor no mercado internacional, dado o aumento da procura e a escassez da oferta. Portanto, é de conhecimento mundial que o negócio com a água deve atingir até 2025 o valor estimado de US$ 730 bilhões de dólares. E esse é um valor que muito atrai principalmente as empresas desse setor.

A solução que mais avança no mundo é o processo de dessalinização, retirada do excesso de sais minerais, de micro-organismos e de outras partículas sólidas presentes na água salgada e na água salobra, com a finalidade de obter água potável para consumo.

No fim de 2006, o mundo tinha capacidade global de produzir 42,7 milhões de metros cúbicos de água por dia por meio desse processo físico-químico de tratamento de água. Estimativas apontam que, em 2019, tal capacidade deve saltar para 120 bilhões de metros cúbicos.

Os países que mais dessalinizam são os do Oriente Médio, Austrália, Estados Unidos e Argélia.

Infelizmente, nós não estamos incluídos nessa lista, por ser considerado irrisório o que conseguimos dessalinizar, além de ser pouco mais que artesanal.

A capacidade de purificar água já utilizada, tornando-a potável – iniciativa antes mais voltada às operações industriais e agrícolas – expande-se para o uso do consumidor final. É a potabilização.

Negócios à parte.

Vamos falar novamente que esse problema é de estado, que é questão estratégica. Deixemos de lado os negociantes da água e falemos de governança séria.

Como já afirmamos, o Brasil só será uma Nação quando resolver essa mazela secular, a seca no nordeste, cuja região é a terceira maior do Brasil e a maior em número de Estados, já que conta com nove deles: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio grande do Norte e Sergipe.

Para prover a população nordestina de água para a agricultura (irrigação) e para dar potabilidade (água para beber), será necessária a construção de nove usinas dessalinizadoras, uma por estado.

O custo médio estimado por usina está em torno de US$ 480 milhões de dólares (dólar cotado no dia 18/01/2019: US$ 1 = R$ 3,75), o que equivale a R$ 1,8 bilhão de reais.

A conta.

R$ 1.8 bilhão de reais( Cada usina)  x   9 (Estados) = R$ 16, 2 bilhões de reais
Vamos perguntar e comparar: Quanto já foi gasto na transposição das águas do São Francisco  que está quase seco? Quantos estados a transposição cobrirá? Parece que serão 4 Estados. Serão? Haverá água? Tudo indica que não. Será dinheiro mal versado? É esperar para ver. O certo é que, mesmo que dê certo, perdão pelo trocadilho, ficará caro e não resolverá o problema do nordeste Brasileiro.
É uma tristeza assistir, por séculos e séculos, ao forte homem nordestino sofrendo; perdendo seus dentes e, por conseguinte, cada vez mais, sua saúde.
Nem vou falar de moradia decente e de educação, mesmo que seja só o acesso.
Muitos poderão perguntar ‘de onde virá o dinheiro para tudo isso’?
Não venha com essa história de que é tudo culpa da corrupção. Claro é que esse mal terá de ser erradicado, porém não é o único responsável por essas mazelas. Temos sim uma questão de prioridade e de governança, de compromisso com o povo.
Os donos dos currais eleitorais poderão não gostar. Chega! Não dá mais para esperar.
E quanto ao dinheiro necessário, tenho uma sugestão:
Os governos federal e estaduais, todos eles, até onde ainda existe água, que chamem o Bradesco, o Itaú, o Santander, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e outros para pagarem por esse projeto de R$ 16,2 bilhões de reais.
Verificamos: em todos os dias, lemos nos jornais, nas mídias sociais, nos canais de TV e em outros veículos de comunicação que, trimestralmente, esses citados bancos têm, juntos, lucro de: R$ 17,5 bilhões de reais – anote, por trimestre, o que dá no ano todo, aproximadamente, R$ 70 bilhões.  Então, se pagarem essa conta, ainda eles juntos terão, só de lucro líquido no ano, R$ 53,8 bilhões de reais, dá para o banquete anual em Paris ou em Nova York, ou os dois – e olha que sobrará muito dinheiro.
Lembro: todo esse lucro tem a contribuição direta do sofrido povo nordestino que paga as mesmas exorbitantes taxas cobradas das outras regiões.
Senhor Presidente, vamos parar de atacar os costumes e comece a governar. Fazendo isso, o rombo da previdência pode até ser esquecido.
Lembro ainda que essa abordagem foi apresentada ao então candidato, companheiro Eduardo Campos, pouco antes de seu trágico acidente.

Essa matéria tem como base a publicação feita pela Revista Guia Exame 2008, no tema Sustentabilidade sob o título Negócios Globais – Mercado, a Economia Verde, páginas 83 a 87.

Colaboração
Prof. Oswaldo José Fernandes e Prof.ª Dagmar Baisigui
PSB – Jundiaí – São Paulo
Aqui, ainda temos água – é sensibilidade mesmo.